A transformação digital ampliou fronteiras, conectou fábricas, unificou operações e criou ecossistemas industriais globais. Mas junto com essa evolução, veio também um desafio crescente: proteger informações, processos e ativos em ambientes cada vez mais integrados.
É nesse contexto que surge a NIS2 Directive (EU 2022/2555) — um novo marco regulatório europeu que redefine os padrões mínimos de segurança cibernética para redes e sistemas de informação. Muito além da União Europeia, essa diretriz vem influenciando políticas, práticas e até exigências de mercado em outras regiões, incluindo o Brasil.
O que a NIS2 traz de novo
A NIS2 amplia o escopo da segurança cibernética para setores antes não cobertos, estabelece regras mais rígidas de governança, obriga a notificação de incidentes em prazos curtos e, principalmente, define que a resiliência operacional deve ser tratada como uma prioridade estratégica — não mais como um tema técnico isolado.
Ela aborda diretamente a necessidade de:
- Gestão de riscos que envolva não apenas TI, mas também sistemas industriais (OT);
- Controle de mudanças e versões de software e firmware em equipamentos críticos;
- Rastreabilidade de ativos e visibilidade sobre o ciclo de vida completo de sistemas de automação;
- Proteção da cadeia de suprimentos e monitoramento contínuo de vulnerabilidades.
Relevância para o Brasil
Mesmo que o Brasil ainda não tenha um regulamento equivalente à NIS2, as empresas que operam com parceiros europeus — ou que fazem parte de cadeias produtivas globais — já sentem sua influência.
Além disso, a diretiva estabelece uma base sólida que serve como referência para qualquer indústria que queira fortalecer sua postura de segurança e governança de tecnologia operacional. Ela antecipa o que deve se tornar padrão: transparência, rastreabilidade e responsabilidade compartilhada em toda a cadeia de valor.
Como atender a NIS2 na prática
Para cumprir as exigências de governança, rastreabilidade e resposta a incidentes previstas pela NIS2, as empresas precisam de visibilidade total sobre o ambiente operacional — algo que vai além da segurança de rede tradicional.
Ferramentas e plataformas de gestão centralizada de configurações, backups e versões de dispositivos industriais têm papel essencial nesse cenário. São elas que permitem:
- Detectar e registrar automaticamente alterações em controladores, robôs, IHMs e demais dispositivos;
- Garantir que cada ativo tenha uma cópia segura e atualizada de sua configuração — reduzindo o impacto de falhas ou ataques;
- Restaurar rapidamente sistemas em caso de incidente, assegurando a continuidade operacional;
- Auditar e documentar mudanças, atendendo aos requisitos de accountability e rastreabilidade exigidos pela NIS2;
- Implementar políticas de segregação de acesso e autenticação segura, reduzindo riscos de manipulação indevida;
- Apoiar a integração entre times de TI e OT, criando um ecossistema de segurança convergente e gerenciável.
Essas capacidades são justamente o elo entre o que a norma define e o que as operações industriais precisam. Afinal, não se protege o que não se conhece e não se controla o que não se rastreia.
Governança, resiliência e cultura
Mais do que tecnologia, a NIS2 também reforça a importância da governança executiva da segurança. As lideranças passam a ser corresponsáveis pela gestão de riscos e precisam demonstrar conhecimento e envolvimento direto no tema.
Nesse sentido, soluções que consolidam informações, automatizam controles e produzem evidências objetivas são fundamentais para apoiar decisões estratégicas e assegurar conformidade contínua.
Por fim, a cultura de segurança deve evoluir — tanto em TI quanto em OT — incorporando práticas de monitoramento, versionamento e resposta que já são padrão em ambientes críticos.
Conclusão
A NIS2 não é apenas uma norma europeia; é um sinal de maturidade global sobre como a segurança deve ser tratada nas operações industriais. Ela inspira empresas brasileiras a repensarem seus processos, tecnologias e governança, para garantir resiliência e competitividade em um cenário cada vez mais conectado.
Ao investir em visibilidade, controle de versões, automação de backups e rastreabilidade de ativos, as organizações dão um passo concreto rumo à conformidade com padrões internacionais — e, acima de tudo, à continuidade segura de suas operações.